segunda-feira, 12 de junho de 2017

A globalização é entendida como a integração econômica, social, cultural e política das relações socioespaciais em escala mundial, sendo um dos termos mais frequentemente empregados para descrever a atual conjuntura do sistema capitalista e sua consolidação no mundo. É preciso estudar e compreender tal conceito para assim perceber, analisar e agir conforme seus impactos sobre o mundo. Visto tal necessidade, surgiram encontros internacionais que buscam debater e estabelecer propostas e diretrizes acerca de tal situação.

No ano de 1971, surgiu o Fórum Econômico Mundial, criado por Klaus M. Schwab, então Professor de política empresarial na Universidade de Genebra. Trata-se de uma organização localizada em Genebra, na Suíça, responsável pela organização de encontros anuais com a participação e colaboração das maiores e principais empresas do mundo. Os encontros são realizados, em sua maioria, na cidade suíça de Davos e, em razão disso, também são conhecidos como Fórum de Davos, reunindo os principais líderes empresariais e políticos, assim como intelectuais e jornalistas selecionados para discutir as questões mais urgentes enfrentadas mundialmente, incluindo saúde e meio-ambiente.

Segundo os próprios organizadores, o principal objetivo do Fórum Econômico Mundial é “melhorar a situação do mundo”, através de ações tomadas e executadas por líderes mundiais, grandes economistas, investidores e empresários. Os membros componentes do FEM priorizam a irreversibilidade da globalização, de forma que é preciso estudar e compreender os seus impactos sobre o mundo, de forma a minimizar os efeitos negativos e potencializar os seus pontos positivos.

O Fórum de Davos já foi diversas vezes utilizado como plataforma neutra para estabelecimento de relações diplomáticas e realização de pactos e acordos. A "Declaração de Davos" foi assinada em 1988 pela Grécia e Turquia que estavam prestes a entrar em guerra. Em 1992, o Presidente Sul-Africano, Frederik Willem de Klerk se reuniu com Nelson Mandela e o Chefe Mangosuthu Buthelezi durante a Reunião Anual, para sua primeira aparição conjunta fora da África do Sul. Durante a Reunião Anual de 1994, o Ministro de relações exteriores Israelense, Shimon Peres e o Líder da OLP, Yasser Arafat chegaram a um acordo sobre Gaza e Jericó. Em 2008, Bill Gates foi o orador principal em uma palestra sobre o “Capitalismo Criativo”, a forma de capitalismo que funciona tanto para gerar lucro, como para resolver injustiças no mundo, usando as forças do mercado para suprir melhor as necessidades dos pobres.

No final dos anos 1990, o fórum sofreu fortes críticas de ativistas antiglobalização que alegam que o capitalismo e a globalização estão aumentando a pobreza e destruindo o meio-ambiente. A Reunião Anual foi descrita como uma "mistura de pompa e banalidade" e criticada por se afastar de assuntos econômicos sérios e obter poucos resultados, particularmente com o envolvimento de ONGs que tem pouca experiência, ou nenhuma experiência, com assuntos econômicos. Ao invés de uma discussão sobre a economia mundial com especialistas reconhecidos nos negócios principais e representantes políticos, a reunião em Davos agora foca causas políticas em destaque na mídia. Como consequência dessas críticas, a reunião foi alvo de diversos protestos, que vêm aumentando significativamente desde o final do século XX e início do século XXI, promovidos majoritariamente por ativistas e militantes de movimentos sociais de esquerda e antiglobalização.

Analogamente ao Fórum de Davos, surgiu em 2001, o Fórum Social Mundial, que é um encontro anual internacional que é articulado por ONGs e movimentos sociais de muitos continentes, com o objetivo de elaborar alternativas para uma transformação social global, discutir e lutar contra o neoliberalismo, o imperialismo e, sobretudo, contra desigualdades sociais provocadas pela Globalização. É caracterizado por ser não governamental e apartidário, apesar de alguns partidos e correntes partidárias participarem ativamente dos debates e discussões. Em sua carta de princípios, os membros ressaltaram a certeza de que “um outro mundo é possível”, o que representa a crença na reversibilidade do processo de Globalização. Salientou-se também o caráter mundial dos encontros, a contraposição dos debates ao atual modelo econômico capitalista, bem como os princípios e regimentos dos encontros.

É importante mencionar que o Fórum não se opõe ao movimento globalizador, mas propõe uma globalização tecida por interesses e responsabilidades mútuas, na qual todos têm seus interesses preservados e são interdependentes, algo como uma imensa teia de obrigações recíprocas e de direitos igualmente respeitados, principalmente os da própria Natureza. É assim que seus integrantes e o criador deste evento, o empresário israelense naturalizado brasileiro, Oded Grajew, do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, imaginam o Fórum, como um meio essencial para promover a mudança do Globo. Daí seu slogan: Um outro mundo é possível.

Os dois primeiros foram realizados em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. A partir de então decidiu-se que seria itinerante (Itinerante é um termo com origem no latim cujo significado está relacionado com o ato de se deslocar constantemente, de percorrer itinerários) devendo ser sediado em várias cidades diferentes a cada ano. Em 2006 foi policêntrico (Caracas, Karacki e Bamako) e em 2008 foi descentralizado. Em 2007 foi na África, durante os dias 20 e 25 de janeiro em Nairóbi (Quênia) e em 2009, aconteceu em Belém do Pará.

O Fórum Social Mundial se tornou o principal meio de combate ao Neoliberalismo e está em busca de um processo globalizante “saudável” a todas as nações. Porém, o processo de globalização e todos os ideais pelo qual esse fórum visa combater, tem uma capacidade de se reinventar rapidamente, da forma que assumidamente o Neoliberalismo tem se demonstrado como uma ideologia falha, inclusive por pessoas de importância para o seu espraiamento ao redor do mundo como recentemente Christine Lagarde, que comanda o FMI, afirmou. Por outro lado, o Fórum Social Mundial se encontra numa etapa difícil de acompanhar essa renovação para enfrentar o processo, propor soluções e diretrizes em seus encontros, por meio de ações coletivas. Pois, até então, quase que se resume a debates sobre as temáticas, sem uma ação da sociedade civil e se tornando uma incubadora de iniciativas que dali saiam de forma encaminhada para efetivamente mudar a sociedade, em busca dos Mundo pelo qual o Fórum se propõe.

REFERÊNCIAS

http://www.revistaforum.com.br/digital/144/forum-social-mundial-o-outro-mundo-ainda-e-possivel/

http://diplomatique.org.br/a-atualidade-do-forum-social-mundial/




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