segunda-feira, 24 de abril de 2017

O X da Gestão aborda: ONU e suas Instituições

Em meados do século XX, enquanto as principais potências se encontravam em guerra, os EUA se fortaleciam provendo suporte bélico e financeiro, aumentando sua influência e riqueza ao mesmo tempo que os países, da Europa principalmente, se viam aos destroços. Surge então uma iniciativa dos Aliados de criar uma organização supranacional que buscava manter a paz mundial, quase que inexistente e que naquele momento atingia o ponto mais baixo com a Segunda Guerra Mundial. Surge então a Organização das Nações Unidas.

Ao final da Guerra, os EUA se encontravam numa situação muito superior, principalmente na questão político-financeira, e isso se deve ao seu não envolvimento direto durante maior parte do conflito e seu distanciamento geográfico dos campos de batalha. Dessa forma, possuíram condições para determinar o caminho das estruturas que vieram a auxiliar as nações europeias, sendo criada através da ONU instrumentos como O Banco Mundial (BM) e o Fundo Monetário Internacional (FMI), possuindo como principal catalizador os EUA, com condições financeiras de reerguer as economias.
De início, os EUA focaram em reconstruir a Europa, com a criação do conhecido Plano Marshall, que visava expandir suas influências e conter a ideologia contrária. Porém, após uma década, o objetivo dessas estruturas se tornou desenvolver as nações periféricas, que na época se encontravam com limitações. O Banco Mundial passou a dar o aporte financeiro a essas nações.

Com o passar do tempo, as nações se tornaram dependentes dos recursos, de maneira que essas organizações internacionais tinham para si a influencia no modo como seria feito o uso destes e passaram a impor condições aos países, submetendo-os a determinadas políticas e, de certa forma, exercendo um controle sobre os próprios. Esse é o caso das condicionalidades impostas pelo FMI.
Se por um lado a ONU é uma organização em que se compõe de inúmeras nações ao redor do globo, ainda assim existe uma concentração de forças em seu interior. As principais potências participam da criação das políticas fiscais, onde essas nações mais fortes/estáveis politicamente buscam a manutenção da ordem internacional a favor delas próprias.

Devido às políticas chamadas de condicionalidades terem características generalizantes, elas não são muito efetivas, já que a realidade dos países periféricos em muito se diferem mas as políticas de austeridade que o FMI exige são iguais a todos, sempre de viés neoliberal buscando a retirada de direitos com pouca intervenção do governo no mercado de trabalho e a livre circulação de capitais internacionais, relacionando-se com a globalização.

O Brasil, que participa da ONU desde 1947, tem com esta uma relação de cooperação, tendo contribuído com 47 operações de manutenção de paz, cedendo um total de mais de 24 mil homens e sendo atualmente o maior voluntário para a estabilização no Haiti. Mesmo não tendo lugar permanente no Conselho de Segurança, o Brasil na sede das ONU, em Nova York, a Missão Permanente junto às Nações Unidas, sendo responsável pela participação em todos os eventos que interessem ao país.

Já com relação ao FMI, fundo que conta com os investimentos dos países membros, apenas 5 países desenvolvidos detêm 39% dos votos, com os Estados Unidos portando poder de veto sobre qualquer decisão. O Brasil, que foi um dos membros fundadores do FMI, detém apenas 1,40% dos votos, menos do que países visceralmente ínfimos como a Bélgica que conta com 1,43%.

 A dívida externa brasileira que representa 51,2% do PIB (que não é somente junto ao FMI como também ao Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento), existe desde os tempos de colônia, mas se acresceu expressivamente após tentativas desenvolvimentistas, principalmente a da ditadura militar durante o ''milagre econômico'', sendo esta a única maneira de uma expansão monetária não gerar inflação de imediato, e depois com a ''crise do petróleo'', o país se viu obrigado a recorrer ao FMI em 1982. Posteriormente são feitos empréstimos atrás de empréstimos, acarretando a crise da dívida nos anos 80 que se estende até os dias atuais.

A grande maioria dos países da América Latina também contraíram enormes dividas através de empréstimos realizados junto a instituições financeiras e internacionais ou países credores. Em geral, o endividamento de grande parte dos países latinos teve início no processo de descolonização pelo qual diversos países passaram, as dívidas desses períodos foram contraídas com a finalidade de financiar os gastos para o desligamento com a metrópole.

A partir desses empréstimos os países enfrentaram enormes dificuldades para o pagamento das dívidas, o problema é que a produção dessas nações é basicamente de produtos primários, com baixo valor agregado, enquanto que os produtos industrializados oriundos especialmente da Europa possuem grande valor, tornando uma troca comercial bastante desigual. Diante desse fato é notório que não ocorra crescimento econômico, dessa forma não conseguem recursos suficientes para sanar as dívidas.

E é diante dessa realidade que notamos que, no que se refere aos países da América Latina, o crescimento econômico é bem limitado – impossibilitando-os de conseguir recursos financeiros suficientes para pagamento das dívidas externas. Muitos são os países latino-americanos que começaram a participar das atividades industriais de um modo mais expressivo com o objetivo de diminuir o valor das dívidas e também aumentar o prazo para o pagamento delas. O intuito, neste sentido, era o de gerar um maior crescimento econômico para a nação. Os recursos foram destinados principalmente para obras de grandes repercussões, como usinas hidrelétricas, portos, rodovias, ferrovias, além de fortalecer e criar novas empresas ligadas às indústrias de base, no ramo das metalúrgicas, siderúrgicas, petroquímicas e mineração.

Diante das considerações apresentadas, fica evidente que países como Brasil, Argentina e México, que se encontram em franco crescimento industrial, são os que possuem as maiores dívidas externas entre os países da América Latina.
Atualmente, a dívida externa dos países da América Latina é:

• Brasil – 225 milhões de dólares americanos;

• Argentina – 133 milhões de dólares;

• México – 141 milhões de dólares;

• Chile – 40 milhões de dólares;

• Venezuela – 33 milhões de dólares;

• Colômbia – 38 milhões de dólares.

As dívidas externas desses países foram agravadas principalmente após a década de 70, época em que os juros internacionais passaram por uma reformulação e, notoriamente, tornaram-se ainda mais altas. E é assim que tais países aumentam cada vez mais a distância da oportunidade desse pagamento, lembrando que acertar só os juros não é o suficiente para acabar com o problema, mas é necessário eliminar de vez a dívida para que a economia dê os seus primeiros passos com desenvolvimento. Por outro lado, economias mais centralizadas podem encontrar vantagens unicamente no pagamento dos juros, uma vez que elas já são as grandes responsáveis por determinarem qual será o rumo da economia dos países subdesenvolvidos e emergentes, que por sua vez, continuam sendo economicamente dependentes de grandes potências.

Se com o surgimento da Carta de São Francisco e todos os aparatos fundados através da ONU viu-se  uma crença de resolução para diversos problemas do Mundo Contemporâneo, com o passar do tempo viu-se o apogeu e o declínio das ideias propagadas pela Organização, e agora, espera-se que olhem para os erros e revisem suas fórmulas, de maneira que convirjam para as políticas e problemas da atualidade.

REFERÊNCIAS
http://diplomatique.org.br/o-futuro-do-brasil-nas-operacoes-de-manutencao-da-paz-da-onu/
http://diplomatique.org.br/em-nome-da-lei-americana/
http://diplomatique.org.br/a-reunificacao-das-coreias-e-possivel/
https://www.publico.pt/2012/10/09/economia/noticia/fmi-reconhece-que-calculou-mal-o-impacto-da-austeridade-na-economia-1566589

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