segunda-feira, 8 de maio de 2017

Integração Econômica em foco


De maneira geral, pode-se colocar a integração como um processo onde diversos estados nacionais decidem formar um grupo, com os mais diversos objetivos, sendo um meio de alcançar maior desenvolvimento econômico. A integração sempre existiu, mas na Europa, por exemplo, pode- se dizer que esta ganha força a partir da segunda metade do século XX sendo feita baseada num regionalismo como soslaio à superação das muitas dificuldades que vem com o pós- guerra, buscando, ao invés de um nacionalismo exacerbado voltado apenas para o desenvolvimento interno uma maior cooperação com relações competitivas dentro de um mercado mundial.
Ainda no ponto de vista europeu, tais integrações começaram como alianças, anteriores a primeira guerra mundial para o caso de aumentar o poder e fortalecer as defesas na hipótese de um conflito eminente, mas não necessariamente para o desenvolvimento econômico. Ao final da primeira guerra, com todos exaustos e os ''vencedores'' até piores que quando entraram, como a Inglaterra por exemplo, surgiram espasmos do chamado Paneurepeísmo, meio de integração que autores acreditaram ser este o meio apropriado para evitar a penetração dos soviéticos e o domínio econômico dos norte-americanos, entretanto, com todo o revanchismo alemão/italiano, a denúncia unilateral ao Tratado de Versalhes e a ascensão de modelos ultranacionalistas em diversos países criaram um ambiente de hostilidade que posteriormente desencadearia a segunda guerra mundial.
Quando os países desejam formar um espaço de integração econômica, existe a possibilidade de optar por dois processos. O primeiro é denominado como modelo formal, que é definido por meio de acordos escritos vastos e complexos. Já o segundo processo de integração é denominado como modelo informal, que se limita a grande cooperação comercial entre os estados.

O modelo de Integração econômica informal assume um papel de Sistema preferencial aduaneiro onde os países que o forma limitam-se a dar reciprocamente algumas vantagens aduaneiras, como por exemplo, baixar a taxas aduaneiras de determinados produtos que circulam nos espaços econômicos participantes do processo. Trazendo um exemplo de integração informal temos o comércio entre Portugal e Espanha antes da adesão à Comunidade Econômica Europeia, em 1986. Mesmo havendo alguns acordos formais de integração, Portugal e Espanha já estabeleciam antes disso uma integração informal entre si, dado o peso que representavam no total do seu comércio as trocas comerciais que se estabeleciam entre esses dois países. Situação muito parecida aconteceu com Portugal e a Espanha quando falamos da Comunidade Econômica Europeia (CEE). Muito antes da entrada dos dois países para a CEE, as barganhas comerciais ocorridas, bem como os fluxos de investimento entre as duas nações, representavam uma importância muito significativa no total das trocas realizadas, ou seja, as suas economias estavam já integradas, mesmo de maneira informal. Lógico que, montar acordos informais visando o melhor para ambos os países é muito positivo, porém nem sempre esses acordos saem como o planejado, ou seja, a partir do momento em que um determinado acordo não é fixado de maneira formal é muito mais fácil ser quebrado, e ainda por vezes ser desigual. No caso de Portugal e Espanha a entrada dos dois países no CEE serviu ainda mais para fortalecer a relação comercial entre eles. Saindo da Europa e partindo para a Ásia, trazemos um exemplo atual de integração informal. Temos como noticia que recentemente foi aumentado o reforço da cooperação econômica existente entre a China e o Japão. Sabemos que as relações entre as duas nações não têm sido relativamente cordiais desde as invasões e crimes de guerra do Japão na China, entre 1894 e 1945. Porém, visando perspectivas de crescimento de seu continente os líderes dos países vêm recentemente procurando consertar os laços através do diálogo.

Já a Integração Econômica formal divide-se em diferentes formas são elas: A Zona de Comércio Livre, que consiste em um acordo entre as nações que aceitam eliminar todos os direitos aduaneiros e limitações quantitativas no amplo comércio de produtos e, concede a cada país autonomia para definir suas pautas e limitações quantitativas referentes aos integrantes ou não. Também temos o Mercado Comum, que consiste em fortalecer a livre circulação das mercadorias, dos serviços, das pessoas e dos capitais. Outrossim temos a União Aduaneira que auxilia na supressão de barreiras alfandegárias, dando liberdade de circulação das mercadorias. Já a União Econômica visa o crescimento dos países membros devido a política monetária, agrícola e social. Como forma de complementaridade da integração anterior temos a União Econômica e Monetária que acrescenta uma moeda comum aos países membros. E por fim, temos a Integração Econômica ou União Política que acontece quando os países integralizados ultrapassam as fases anteriores e pressupõem a união das políticas monetárias, fiscais e sociais, exigindo o estabelecimento de uma autoridade supranacional, cujas decisões sejam obrigatórias para os Estados membros.



Vimos acima processos de integração informais e formais utilizados em diversos acordos entre países do mundo todo. Logicamente esses acordos geram diversas vantagens, como exemplo, temos o crescimento econômico dos países participantes, eficiência dos recursos de cada país, economia de escalas, entre outros. Porém, não é possível agradar a todos não é mesmo? É difícil chegar a um denominador comum. Reflexo disso é a insatisfação de alguns países participantes de alguns blocos. Voltando os olhos para a União Europeia, conseguimos enxergar recentemente um problema com uma das caras dessa integração. Recentemente vimos a poderosa Inglaterra saindo da UE, possuindo como um de seus principais motivos de saída que o Reino Unido mais contribui com a União Europeia do que recebe recursos, isso porque os fundos pagos por estes para o orçamento europeu contribuem para financiar programas e projetos em todos os países do bloco. Além disso, a insatisfação com o grande aumento da imigração os levou a acreditar que o Reino Unido não poderia dar conta do possível número de pessoas a entrar no país enquanto continuasse no bloco. Vejamos só o quanto essa saída da Inglaterra e posteriormente a saída do Reino Unido da UE irá afetar ao longo do tempo em termos de pessoal: meio bilhão de moradores e ainda irá afetar alguns europeus que lá vivem, tendo em vista que após a separação, o passaporte da União Europeia não é mais válido em países como a Inglaterra e um visto passa requerido por parte das autoridades, o que pode comprometer milhões de empregos e moradias.
Quem acompanhou as eleições da França soube, a candidata á Presidência Marine Le Pen afirmou que se fosse eleita para o cargo no executivo a União Europeia “morreria”. Juntamente a isso, a candidata da extrema-direita afirmou que haveria o fim da "globalização selvagem" e o "desmascaramento do multiculturalismo". Para as pessoas que são contra a essas medidas, houve um alívio devido o fato de Le Pen ter perdido as eleições, mas se por um acaso ela viesse a ganhá-las o país possivelmente seguiria os mesmos trilhos do incerto caminho que guiaram os britânicos, pois ainda é preciso avaliar quais são os prós e os contras e qual é vai ser o tamanho do impacto real sentido a longo prazo tanto para os próprios países que saíram do bloco, quanto para os países que continuam na UE.
De uma coisa temos certeza, a economia do Reino Unido é gigantesca e vários países da Europa são dependentes dela. Além do mais a vida dos estrangeiros que vivem nessa região pode ficar bem complicada. Para os países dos outros blocos econômicos a UE pode ficar menos atrativa com a saída da Inglaterra. Para os britânicos saírem foi, apesar de todos os avisos contrários, uma forma de preservar a sua economia, ou seja,  pondo os interesses próprios em primeiro lugar, acima de uma maior reestruturação dos demais países em maior escala.

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